"Semana passada, eu me encontrei com o modelo, ator e cantor andrógino Jeffree Star no Glasgow's O2 ABC Academy antes de sua bem-sucedida turnê internacional. Sentados em um sofá e rodeados de bourbon Jack Daniel's e folhados, discutimos o seu álbum de estreia, Beauty Killer, seu progresso como artista independente e os preconceitos que cercam sua persona. Intitulado a Rainha dos Belos e um manequim autoproclamado, eu fiquei pensando se sairia dali em um saco de corpos da Louis Vuitton ou se ele mostraria um pouco de quem está atrás de toda aquela maquiagem MAC e haute couture (nota da tradutora: nome dado a roupas feitas sob encomenda em maisons).
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Chris Melvin: Depois de dois EP's e singles por download apenas, você finalmente lançou seu primeiro álbum, Beauty Killer. Comparando suas faixas novas com trabalhos antigos, quis são as maiores diferenças, na sua opinião?
Jeffree Star: Acho que no começo eu apenas estava fazendo coisas para me divertir, fazendo merda, sabe. Não levava nada a sério, Então, para o Beauty Killer eu fiz dois anos de turnê e trabalhei com muita gente diferente. Eu sabia como eu queria que as faixas soassem e tive muito mais produção e gastei mais tempo nas letras, também.
CM: Sabe-se que você disse em uma entrevista que nunca "fez nenhuma música da qual gostasse 100%". Se tivesse que escolher uma música, qual te dá sentimentos felizes por dentro?
JS: Eu acho - quando disse isso - que quis dizer que eu não estava muito feliz com elas. Eu adoro a música Beauty Killer, mas Prisoner foi a primeira música que eu fiz para o CD e acho que foi uma ótima maneira de começar.
CM: Você anunciou no Facebook e no Twitter que lançaria seu terceiro EP este verão, não é?
JS: Eu queria, mas pensei melhor e concluí que vou lançar logo um CD inteiro, para o fim do ano ou começo de 2011. Terminei três músicas antes de vir aqui, então...
CM: Pode falar algo delas ou... Ouvi dizer que a Ke$ha e o Blood On The Dance Floor vão fazer participações especiais.
JS: Bom, são músicas bem enérgicas e eletrônicas. Oh, participei de três músicas do EP novo do BOTDF, então... - eu ia fazer participações no CD da Ke$ha, mas fui cortado - [risos] é, eu sei! - pessoal da produção e seus dramas.
CM: Considerando seu sucesso no iTunes, a gravação do vídeo de Get Away With Murder e sua bem-sucedida turnê, o que diria às pessoas que te taxavam de genérico e medíocre no começo?
JS: Tenho certeza de que muita gente achou que eu não ia durar tanto assim. Eles achavam que era só alguma coisa da internet. Mas quando isso tudo progrediu às minhas lojas de roupas, vendendo tudo e todas as músicas... Isso meio que fala por si só, sabe? Eu só rio das pessoas e falo merda.
CM: O que me traz ao que eu ia dizer agora: o que acha que é o maior erro das pessoas em relação a você - como cantor, como artista, mas acima de tudo como pessoa?
JS: Acho que as pessoas pensam que eu não posso fazer shows porque tenho vocais de apoio. Isso é a merda que as pessoas falam, mas eu realmente sei cantar. E como pessoa, todo mundo me vê como eu sou na internet, e obviamente eles não me conhecem. Todos acham que eu sou um babaca, acho. Eu fico todo "Oh, não fez por maldade" - todo mundo tem preconceitos.
CM: As pessoas te veem como um babaca e como a Rainha do Gelo... Mas é legal ver que alguém pode ter o sucesso que tu tens e ainda continua humano.
JS: Exatamente! Se as pessoas realmente prestassem atenção às minhas letras e vissem meus vídeos engraçados, veriam que eu sou sarcástico.
CM: Então, você diz que é sarcástico e que é todo performances. Tem artistas, por exemplo, Beyoncé, que diz se transformar na Sasha Fierce quando entra no palco...
JS: Acho que o pessoal dela disse pra ela dizer isso. Mas adoro ela.
CM: ...Você diria que tem um pouco disso em si mesmo? Tipo, tem o Jeffree Star e tem o Jeffrey Steininger?
JS: Eu troquei meu nome legalmente, sim, mas sou eu 24/7, mas quando tem câmeras ao redor eu me inflo e ajo como louco. E claro, quando estão me filmando, não vou ficar ali sentado, me entediando.
CM: Ninguém tem que ser sério o tempo todo [na cena indie].
JS: No fim do dia, tudo girou ao redor da diversão, e eu acho que muita gente esquece isso.
CM: Há quanto tempo você canta? O que te fez querer começar e fazer disso uma carreira?
JS: Bom, o grupo de rap Hollywood Undead, eu comecei com eles. Eu meio que fazia um rap sobre as músicas deles, tipo uma piada, e eu fiquei - Ohhhh, eu realmente gosto de gravar - e acabou que muitas das coisas que eu gravei no começo eram meio rap. Mas eu queria ser um cantor. Eu comecei com lições de canto e - não sou nenhuma Mariah Carey - mas dou pro gasto, sabe? Digo, eu sou mais um performista do que um cantor, mesmo, então nem ligo.
CM: Agora, você criou um novo gênero. Não sei como chamar - sexpop ou algo assim. Ficaria feliz ou irritado se, digamos, outros artistas começassem a imitá-lo?
JS: É meio irritante quando alguém faz algo por mais tempo e alguém vem e faz algo "diferente". É irritante quando os outros artistas têm mais grana por trás deles do que você. Lady Gaga tem o que, uns 7 milhões pra fazer um vídeo, e eles a criaram. É tudo tão forjado, mas eu acho a música dela boa, e ela alcançou o Número Um porque tem um bom time por trás dela.
CM: O que você acha de artistas que não se comunicam com seus fãs? Você usa seu próprio Facebook e seu próprio Myspace, enquanto os outros simplesmente usam seus agentes.
JS: Sim, digo, se fossem todos "muito famosos", talvez não tivessem tempo, mas eu acho que todos deveriam ter tempo pra isso. Ao menos Lady Gaga escreve seus próprios tweets, ao contrário do Usher - o agente dele escreve os dele e nunca são nada pessoal. Se eles sabem que não é você é meio frustrante.
CM: Falando em fãs, o que acha daquelas pessoas que copiam o seu estilo?
JS: Só acho que as pessoas que tentam ser diferentes são legais. Claro que precisa de muita coragem pra ser quem você é. Eu acho que, quando as pessoas fazem a MINHA maquiagem... Bom, eu acho engraçado, mas acho também que eles deveriam ser mais eles mesmos.
CM: Mas eu olho pros seus fãs e eles todos me parecem meio iguais. Eles tentam ser você, eles tentam ser alguém que eles não são. Qual sua opinião nessa subcultura? Pergunta difícil, desculpa.
JS: [risos] Eu sei! Ah, é como se fosse meu exército pessoal lá.
CM: Você prefere as pessoas que ficam tipo: "OMG, É O JEFFREE STAR!" ou prefere aquelas que te tratam como pessoa?
JS: Acho que muitos esquecem que eu sou um ser humano, entende? Ou que nem alguns - estou ali comprando comprando comida e tal, e estou sem maquiagem, e não me sinto bem - eu fico tipo: "Oh, desculpa, sem fotos", e eles ficam putinhos porque não conseguiram o que queriam.
CM: Última pergunta: três coisas que resumem como você se sente antes de subir no palco?
JS: Grávido. Molhado. E ansioso. [risos]
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Star então se despediu com um "lipstick and love" (nota da tradutora: ia traduzir o "batom com amor" mas a aliteração fica mais sonora), aparecendo logo no palco para apresentar um set consistindo de novos e velhos clássicos re-vampirizados. Como fã, sempre gostei das músicas dele, mas raramente achava os vídeos ao vivo dele muito impressionantes. Não obstante, as aulas de canto confessadas se pagaram enquanto ele fazia uma apresentação elétrica e iridescente.
Escolhendo abandonar a aparência, o som e a perspectiva, ele injeta um novo tipo de vida no cenário da música independente - como muitos no mundo indie, ele apenas teve muita paixão e vontade de fazer sucesso. De estudante do ginasial, para maquiador profissional, para modelo, para cantor, Star mostra que - se você tiver determinação e vontade - você pode ir longe. Apesar de sua persona ultra-vaidosa e femme fatale, Jeffree Star mostra que é a mais humana das personalidades, em todos os sentidos da palavra: por seu narcisismo, por sua honestidade e por sua ambição."
Tradução feita por @Andy_INSPACE
Entrevista e texto realizados por Chris Melvin